No dia
13 de novembro de 1989 foi publicada a lei federal de número 7.876, instituindo
15 de abril como o Dia Nacional da Conservação do Solo. A data foi escolhida
em homenagem ao nascimento de Hugh Hammond Bennett, um conservacionista
estadunidense que desempenhou importante papel nesta área e ficou conhecido
como o “pai” da conservação do solo.
O solo
é o resultado do intemperismo – processo de desagregação das rochas por
agentes físicos, químicos e biológicos, como a ação das chuvas, dos ventos,
dos seres vivos, nas diferentes situações de relevo, num dado espaço de
tempo, que pode levar milhares de anos para acontecer, dependendo das
condições locais.
Componente
fundamental do ecossistema terrestre, o solo é o principal substrato
utilizado pelas plantas para o seu crescimento e disseminação. Este recurso
proporciona fatores de crescimento como suporte, água, oxigênio e nutrientes
para que as raízes possam realizar sua função de nutrir as plantas.
Os
recursos edáficos (solo) exercem ainda uma multiplicidade de funções para
manutenção da vida sobre a Terra, quais sejam: a) regulação da distribuição,
armazenamento, escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação; b)
armazenamento e ciclagem de nutrientes e, c) ação filtrante e protetora da
qualidade da água.
Abrigo
para diversas espécies, como roedores, minhocas, formigas, fungos, bactérias,
entre outros organismos, é o solo ainda matéria prima ou substrato para obras
civis (casas, indústrias, estradas), além de cerâmica e artesanato, utilizado
pelo ser humano para sua segurança, conforto e embelezamento.
Como recurso
natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em função da ação
antrópica - uso inadequado pelo ser humano, o que afeta severamente o
desempenho de suas funções básicas, resultando em interferências negativas no
equilíbrio ambiental, diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos
ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem mais diretamente a
interferência humana, como os sistemas agrícolas e urbanos.
A
degradação dos solos avança acelerada, causando prejuízos ambientais e danos
à saúde vegetal, animal e humana. É possível observá-la em diversos
processos, como na redução da fertilidade natural das terras, diminuição da
matéria orgânica, perdas pronunciadas de solo e água por erosão hídrica e
eólica; contaminação do solo por resíduos urbanos e industriais (inclusive
lixo), alteração do solo e das paisagens para obras civis, decapeamento do
solo para fins de exploração mineral, salinização das áreas em decorrência
dos sistemas de irrigação mal dimensionados e mal conduzidos aliado ao uso e
manejo inadequado.
Na
maioria das vezes a comunidade não valoriza este recurso natural, sobretudo
porque não é visto com frequência, já que os ambientes por onde se caminha
estão geralmente asfaltados ou cobertos pela frieza do concreto e
aparentemente não temos necessidades diárias que nos remetam a sua presença,
por isso muitas vezes as pessoas esquecem que o solo faz parte do ambiente, e
é essencial à existência da vida sobre os continentes.
Imprescindível
lembrar que o solo é a ‘pele da terra’ e essa metáfora nos remete a ideia de
que sua proteção é uma urgência para minimizar os impactos das ações lesivas
impostas pelo ser humano ao longo do processo civilizatório.
Na
perspectiva da Agroecologia o solo é visto como sistema complexo, dinâmico,
vivo, onde milhões de manifestações de vida interagem constantemente para
geração da vida. Para Ana Maria Primavesi, pioneira dos estudos de
preservação do solo e precursora do movimento orgânico no Brasil, “solo sadio
leva à planta sadia, consequentemente deixa o homem sadio”. A professora
quase centenária ainda viaja o mundo disseminando orientações de uso
sustentável do solo, sempre na perspectiva do manejo agroecológico, numa
missão de esclarecimento que se fez divina em sua existência.
Com a
professora Primavesi compreendemos que somente o processo de educação - a
aquisição e disseminação de informações sobre o papel que o solo exerce, e
sua importância na vida do homem, permitirá o despertar de uma consciência
pedológica, condição primordial para promover sua proteção e conservação, e
garantir a manutenção de um ambiente sadio e sustentável para as gerações do
presente e as que virão.
O Dia
Nacional da Conservação do Solo é comemorado no dia 15 de abril, mas a
preocupação com este componente da Natureza não pode se restringir apenas a
este dia, devendo ser uma presença diária nas discussões ambientais
realizadas nas associações rurais, nas escolas de ensino fundamental e médio,
nas universidades, ou ainda nas diversas organizações da sociedade civil, pois
da manutenção de sua qualidade depende a existência humana.
Em
suma, nossa existência está diretamente ligada ao solo. De nossa relação com
este recurso natural depende o futuro da humanidade. É pois, tempo de
refletir sobre o que estamos fazendo com a terra em que pisamos. É
tempo de lançar um novo olhar sobre os nossos solos, sobre os solos jovens
dos Semiáridos. É mais do que tempo de desenvolvermos sentimento de
afetividade e de pertencimento ao nosso meio, que se evidencia no cuidado com
o Solo e respeito à Natureza.
Adriana
de Fátima Meira Vital*
*Professora
de Solos do CDSA/UFCG
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14 de abr. de 2014
Dia Nacional da Conservação do Solo - 15 de abril
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